

O mercado de tokens não fungíveis (NFTs) iniciou 2025 de forma conturbada, com forte retração geral, ao mesmo tempo em que algumas coleções exibiram resiliência impressionante. Isso reacende a dúvida central: ainda vale a pena investir em NFTs? Esta análise detalhada explora a dinâmica de mercado, as variações de desempenho entre coleções e tendências emergentes do ecossistema NFT no primeiro trimestre de 2025, buscando entender o real valor dos NFTs atualmente.
No primeiro trimestre de 2025, o mercado de NFTs encolheu de forma significativa, com o total de vendas caindo 63% em relação ao mesmo período de 2024. Conforme dados da CryptoSlam, as vendas entre janeiro e março de 2025 somaram US$ 1,5 bilhão, bem abaixo dos US$ 4,1 bilhões registrados no primeiro trimestre de 2024. Esse recuo reflete incertezas amplas e mudança no apetite dos investidores por colecionáveis digitais, levando muitos a questionar se NFTs ainda têm algum valor.
Março de 2025 foi o mês mais desafiador para o setor, marcando a maior queda mensal do trimestre. As vendas despencaram 76%, de US$ 1,6 bilhão em março de 2024 para US$ 373 milhões em março de 2025. Essa reversão sinaliza uma mudança estrutural no mercado, possivelmente causada por menor interesse especulativo, cenário econômico adverso ou uma maturação do setor, com o foco se voltando para projetos de qualidade e não mais para adoção irrestrita.
Mesmo diante do pessimismo e das dúvidas sobre o valor dos NFTs, algumas coleções mostraram força e conquistaram resultados notáveis. Pudgy Penguins foi o grande destaque do primeiro trimestre de 2025, com vendas de US$ 72 milhões—um crescimento de 13% ante os US$ 63,5 milhões do mesmo período em 2024. O desempenho reforça o apelo contínuo e o forte engajamento da comunidade, consolidando a coleção como protagonista no segmento e provando que alguns NFTs mantêm valor relevante.
Doodles também apresentou evolução significativa, elevando as vendas trimestrais para US$ 32 milhões, ante US$ 22,6 milhões do ano anterior. Esse avanço resulta da expansão estratégica para o mercado mainstream, especialmente com a colaboração de peso com o McDonald's. Parcerias desse tipo mostram a busca por legitimidade e exposição por meio de grandes marcas, ampliando receitas, públicos e provando que NFTs podem gerar valor real.
Milady Maker, coleção baseada em Ethereum, teve o maior salto percentual entre os projetos líderes, com as vendas crescendo 58% no ano. A coleção de temática anime ganhou destaque em redes sociais e recebeu aval de personalidades como Vitalik Buterin, cofundador da Ethereum. O apoio adicional de Su Zhu, da Three Arrows Capital, aumentou ainda mais sua visibilidade e atratividade para colecionadores e investidores, evidenciando que certos NFTs mantêm valor de mercado.
Enquanto algumas coleções se destacaram, projetos tradicionais de NFTs sofreram grandes perdas, alimentando o debate sobre o futuro do setor. CryptoPunks, uma das coleções mais icônicas, teve vendas de US$ 60 milhões no primeiro trimestre de 2025, uma retração de 47% ante os US$ 114 milhões do mesmo período em 2024. Isso levanta dúvidas sobre a capacidade das coleções históricas de manterem status de referência ou se o interesse do mercado está migrando para projetos mais recentes e inovadores.
Bored Ape Yacht Club (BAYC), que já foi símbolo máximo de sucesso e relevância cultural, sofreu queda ainda maior. O volume de vendas despencou 61%, para US$ 29,8 milhões, frente aos US$ 78 milhões de um ano antes. A redução mostra que nem mesmo coleções consideradas blue chip estão imunes a correções de mercado e mudanças no perfil dos colecionadores, sinalizando uma reavaliação dos fundamentos de valor no universo NFT e questionando quais ativos realmente valem o investimento.
O segmento de NFTs baseados em Bitcoin teve comportamento paradoxal no primeiro trimestre de 2025: os preços médios subiram, mesmo com forte queda no número de transações. Segundo a DappRadar, o preço médio dos NFTs em Bitcoin chegou a US$ 633,24, ante US$ 559,05 em 2024 e US$ 63,45 em 2023. A valorização constante indica que colecionadores de perfil mais sofisticado estão dispostos a pagar caro por ativos digitais escassos na rede Bitcoin, mostrando que, para esse público, tais NFTs mantêm valor expressivo.
Por outro lado, o volume total de vendas encolheu drasticamente, caindo para US$ 291 milhões no primeiro trimestre de 2025—uma retração de 79% frente aos US$ 1,4 bilhão do mesmo período em 2024. A queda revela menor participação e liquidez, refletindo o ceticismo sobre a viabilidade de longo prazo dos protocolos de NFTs em Bitcoin e ampliando as dúvidas sobre o valor desses ativos.
Charlie Hu, cofundador da Bitlayer, já havia afirmado que os Bitcoin Ordinals, que em outros tempos causaram grande entusiasmo no universo Bitcoin, tiveram sua era “completamente encerrada”. O comentário ilustra o desafio dessas iniciativas em se manterem relevantes em um mercado cada vez mais fragmentado e competitivo.
O primeiro trimestre de 2025 expôs um mercado NFT dividido: queda generalizada, mas alguma expansão em coleções específicas. Apesar do recuo de 63% nas vendas totais em relação ao início de 2024, projetos como Pudgy Penguins, Doodles e Milady Maker mostraram que engajamento comunitário, parcerias estratégicas e endossos de peso continuam sendo motores de crescimento, mesmo em cenários adversos. Ou seja, a resposta para “NFTs ainda valem algo?” é complexa: determinados ativos mantêm ou até ampliam seu valor.
Em contrapartida, coleções tradicionais como CryptoPunks e Bored Ape Yacht Club sofreram quedas marcantes, sinalizando que a relevância histórica isolada já não garante desempenho consistente ou justifica a manutenção de NFTs no portfólio a longo prazo.
O segmento de NFTs em Bitcoin, com preços médios em ascensão e volume em queda, ilustra a complexidade das dinâmicas entre blockchains. À medida que o setor evolui ao longo de 2025, o êxito dependerá cada vez mais de utilidade, força comunitária, integração mainstream e capacidade de se adaptar—não apenas do hype especulativo. A maturidade do mercado tende a favorecer projetos com entrega de valor real e engajamento autêntico, em detrimento de narrativas baseadas em escassez ou euforia momentânea.
Então, NFTs ainda têm valor? As evidências indicam que, apesar da forte contração do mercado, projetos sólidos, com utilidade efetiva e comunidades ativas continuam gerando valor. O setor caminha para um modelo sustentável, no qual o valor se baseia em engajamento genuíno, aplicação prática e perspectivas de longo prazo—não em especulação de curto prazo.
Um NFT de US$ 1,00 equivale a US$ 1,00 em valor nominal. No entanto, o valor de mercado depende de fatores como demanda, raridade e utilidade. Em 20 de dezembro de 2025, os preços unitários variam de US$ 0,0028 a milhares de dólares, conforme a coleção e as condições do mercado.
Sim, o volume de negociações segue ativo nos segmentos de games, arte e metaverso. Grandes coleções continuam movimentando valores expressivos, e o interesse institucional aumentou de forma consistente em 2025.
O NFT Bored Ape Yacht Club #3001 de Justin Bieber desvalorizou de US$ 1,3 milhão para US$ 59.000, resultando em perda aproximada de US$ 1,2 milhão. A compra ocorreu por 500 ETH em janeiro de 2022.
O NFT de 69 milhões agora é avaliado em menos de US$ 100. O valor caiu drasticamente desde o pico, variando conforme as condições de mercado e o interesse dos colecionadores.







