Estes anos, o setor tem debatido constantemente um velho tema: afinal, a descentralização funciona ou não? Será que a centralização é mais apropriada para serviços financeiros?

Já discutem isto há uns dez anos. Mas se fores perguntar mesmo às pessoas que trabalham em finanças o que lhes importa, elas nem sequer pegam nessa questão.

Eles não querem saber se é descentralizado ou centralizado. O que lhes interessa é: este sistema é ou não estável.

O que significa estabilidade? Não é estabilidade a nível técnico, mas sim a nível institucional.

Simplificando: esta estrutura, quando colocada em diferentes ambientes regulatórios, diferentes sistemas bancários, diferentes legislações nacionais, diferentes padrões de auditoria, consegue manter um comportamento consistente?

Isto não é uma questão política, é uma questão de engenharia. Trata-se de saber se o comportamento pode ser reproduzido, se a responsabilidade pode ser claramente definida, se o percurso é único, se o resultado pode ser completamente explicado.

Por exemplo: se um sistema se comporta de uma maneira no país A, mas muda no país B; se num banco é de um jeito, noutro banco é diferente; se com congestionamento de rede é de uma forma, mas quando está livre é de outra — uma coisa assim não tem estabilidade institucional.

Pode ser mais rápido e mais barato, mas o núcleo do sistema financeiro não se atreve a tocar nisto.

Muitos dos problemas das actuais blockchains estão precisamente aqui:

O estado dos nós não é sincronizado, o que leva a comportamentos institucionais imprevisíveis;
O caminho de execução oscila com a carga, tornando os processos imprevisíveis;
A existência de estados intermédios faz com que a lógica de negócio não seja consistente do início ao fim;
A ordem das transações pode ser ajustada livremente, deixando margem para múltiplas interpretações na auditoria;
Operações cross-chain criam cadeias de transmissão de risco impossíveis de controlar.

Atenção, isto não são falhas de segurança. Isto são riscos institucionais.

O risco institucional não está na cadeia, está fora da cadeia — não passa na regulação, não aguenta a auditoria dos bancos, não pode ser integrado automaticamente nas empresas, na cadeia de abastecimento...