Em França, recentemente voltaram a soar os alarmes. Macron apontou diretamente para o modelo americano de regulação permissiva das criptomoedas e das stablecoins, dizendo que isso pode facilmente transmitir riscos para todo o sistema financeiro global — especialmente aquelas stablecoins lastreadas em ativos em dólares. Se forem deixadas a expandir-se livremente, a fragilidade de todo o sistema pode ser amplificada várias vezes.

Os números são realmente assustadores: o mercado global de stablecoins já ultrapassou os 300 mil milhões de dólares, um aumento de quase metade em relação ao ano passado, sendo que mais de 80% estão indexadas ao dólar. Os responsáveis europeus estão claramente inquietos, receando que estas moedas já tenham capacidade para criar um “impacto sistémico”. O mais preocupante é que a zona euro está cada vez mais exposta, de forma passiva, às condições monetárias dos EUA — mesmo que o BCE queira implementar uma política monetária independente, se os capitais forem canalizados para as stablecoins, qual será o verdadeiro efeito?

Por isso, a posição de Macron é muito clara: a Europa tem de proteger a sua “soberania monetária” e não pode seguir o modelo permissivo americano. Isto está totalmente alinhado com o quadro regulatório MiCA aprovado pela UE no final do ano passado — esse regulamento impõe requisitos rigorosos de divulgação de reservas e de qualificação dos prestadores de serviços de stablecoins, sendo muito mais exigente do que as normas atualmente em vigor nos EUA.

Ao mesmo tempo, Macron apelou ao BCE para que ajuste a sua abordagem, deixando de olhar apenas para os riscos do sistema financeiro tradicional e passando a incluir as novas variáveis dos ativos digitais nas suas políticas. Caso contrário, a Europa pode tornar-se cada vez mais passiva neste jogo regulatório.