Ultimamente, o mercado tem estado de olho nos movimentos do Banco do Japão — as expectativas de subida das taxas de juro voltaram à tona. Mas o que é que isto tem a ver com o nosso universo das criptomoedas?

Vamos começar pelo contexto. O Japão tem mantido taxas de juro ultra-baixas durante muito tempo, o que criou uma oportunidade de arbitragem para várias instituições: pedir ienes baratos emprestados e comprar dívida pública americana para lucrar com o diferencial de taxas. Esta operação tem sido bastante rentável, com custos baixos e retornos estáveis.

Mas agora surge o problema. Se o Japão realmente aumentar as taxas, o custo do financiamento dispara, e o espaço de lucro nas operações de arbitragem encolhe ou até desaparece. O que é que essas instituições vão fazer? Vão vender dívida americana para recuperar liquidez. Se houver uma venda massiva de dívida americana, o preço cai, o rendimento sobe e os ativos de risco são prejudicados — e as criptomoedas, naturalmente, não escapam a este impacto.

No entanto, a influência do aumento das taxas japonesas é bastante indireta e o impacto principal continua a concentrar-se no mercado financeiro doméstico japonês. Quem determina verdadeiramente a direção do mercado cripto continua a ser a Reserva Federal dos EUA. E as decisões da Fed dependem, por sua vez, dos dados económicos.

Por isso, nos próximos dias, estes momentos merecem especial atenção:

Hoje às 23:00, discurso da governadora da Fed, Bowman;
Amanhã às 21:15, publicação do ADP de emprego dos EUA referente a novembro;
Quinta-feira às 21:30, divulgação do número de novos pedidos de subsídio de desemprego nos EUA até à semana de 29 de novembro;
Sexta-feira às 23:00, três dados de peso em simultâneo — índice de preços PCE anual dos EUA, estimativa preliminar das expectativas de inflação a um ano em dezembro, e valor preliminar do índice de confiança dos consumidores da Universidade de Michigan em dezembro.

São estes os dados que funcionam como verdadeiros indicadores do sentimento do mercado.