O mercado de previsões cripto passou, nos últimos dois anos, por mudanças mais intensas do que em toda a década desde o seu surgimento.
Este sector foi um dos primeiros “Santos Grais” da Web 3 — um ideal de “alquimia da informação”, tentando destilar a sabedoria coletiva em probabilidades puras. Mas, durante muito tempo, foi apenas um “brinquedo descentralizado” de alta fricção e baixa liquidez.
Agora, o cenário mudou.
A Polymarket, durante as eleições presidenciais dos EUA em 2024 (apesar das restrições a utilizadores americanos), atingiu volumes de negociação impressionantes, com a precisão das suas probabilidades a ser usada pela imprensa tradicional para comparar com sondagens convencionais. Por outro lado, a Kalshi, regulada pela CFTC dos EUA, está a levar contratos de eventos (com restrições) a milhões de utilizadores TradFi através de plataformas como a Robinhood.
O mercado de previsões já não é uma questão de “se vai acontecer”, mas sim “em que forma vai acontecer”. Está num ponto de viragem: tornar-se-á uma ferramenta de cobertura regulada para a elite de Wall Street, ou um “casino” global de liquidez Crypto-Native?
A BlockWeeks vai desmontar esta “guerra de rotas” que está a acontecer.
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I. Resumo das Conclusões
O mercado de previsões está a crescer de forma selvagem em duas rotas distintas e até conflitantes:
O “Portão Estreito” da Conformidade ( TradFi absorve ): Representado pela Kalshi, procura aprovação total dos reguladores (como a CFTC), embalando “contratos de eventos” como derivados financeiros conformes, com o objetivo de integração em corretoras mainstream como a Robinhood. Este caminho é extremamente estreito e lento, mas, uma vez aprovado, dá acesso a um enorme capital mainstream.
A “Selva” da Liberdade ( Evolução Crypto-Native ): Representado pela Polymarket e plataformas baseadas em infraestrutura Gnosis/Azuro. Privilegiam liquidez global, rapidez e amplitude de produto. Operam offshore ou focam-se na tecnologia de base, jogando ao “gato e rato” com os reguladores, apostando que a procura do mercado acabará por forçar a regulação a ceder.
A opinião central da BlockWeeks é: Não se trata de um jogo de soma zero. No curto prazo, o modelo “zona cinzenta” da Polymarket continuará a capturar a maior liquidez e atenção do mercado; mas, a longo prazo, a regulação (quem conseguir licenças) e a infraestrutura (quem oferecer a melhor liquidez e estrutura de liquidação) vão definir o panorama final do mercado.
II. As “Aparências Enganosas” das Duas Rotas
# 1. O Portão Estreito da Conformidade: O “Experimento Wall Street” da Kalshi
A Kalshi segue o caminho mais difícil: procura aprovação direta dos reguladores americanos (principalmente a CFTC).
Análise: A Kalshi não está a criar um “mercado de previsões”, mas sim “derivação de eventos”. Tem de provar aos reguladores que os seus contratos (como “A Reserva Federal (FED) vai aumentar as taxas?”) têm “utilidade económica” e “valor de cobertura”, e não são “jogo”.
Progresso: Conseguiram introduzir contratos de eventos económicos e meteorológicos no mercado, e começaram a colaborar com plataformas como a Robinhood.
Limite: O teto deste caminho é muito baixo, totalmente dependente da imaginação dos reguladores. A CFTC é extremamente cautelosa e lenta na aprovação de “eventos políticos” (como controlo do Congresso), pois isso toca na linha vermelha do “jogo”. A Kalshi ganha segurança, mas sacrifica o núcleo do Crypto — velocidade, amplitude e inovação sem permissão.
# 2. A Selva da Liberdade: O “Casino Global” da Polymarket
A Polymarket é o oposto. Em 2022, foi multada pela CFTC por oferecer “opções binárias” não registadas e restringida nos EUA. Mas isso não a matou.
Análise: A Polymarket provou a enorme procura do mercado por previsões de “eventos quentes” (eleições, decisões regulatórias, celebridades). O seu volume de negociação durante as eleições de 2024 (segundo dados públicos e painéis DUNE Analytics) superou muitos mercados de média dimensão.
Estratégia: Opera offshore + procura conformidade futura. Oferece serviços fora da regulação (especialmente dos EUA), enquanto prepara o regresso através de aquisições (como a aquisição da QCX, uma clearing house conforme).
Limite: A Polymarket vive sob a “espada de Dâmocles” regulatória. O seu sucesso depende do “atraso” dos reguladores. Este modelo captura liquidez, mas acarreta enormes riscos legais.
III. A “Guerra Fria” da Infraestrutura: A Lição da Augur e o Pragmatismo da Gnosis
Porque é que a veterana Augur praticamente desapareceu, enquanto o ecossistema Gnosis cresce silenciosamente?
O “Fracasso” da Augur: A Augur foi um mártir idealista. Confiou demasiado no mecanismo de arbitragem “totalmente descentralizado”. O seu sistema complexo de disputa de Tokens REP revelou-se lento, caro (gás) e facilmente bloqueado em eventos ambíguos. A Augur morreu pela obsessão com o “Oracle descentralizado perfeito”, sacrificando experiência do utilizador e liquidez.
O Pragmatismo da Gnosis/Azuro: Gnosis ( Omen/Azuro ) aprendeu a lição. Deixaram de tentar resolver o problema mais difícil do Oracle, e viraram-se para o “pragmatismo”:
Gnosis Conditional Tokens: Oferece uma estrutura de contratos flexível para que outros possam construir aplicações.
Azuro ( Ecossistema Gnosis ): Foca-se em protocolos de liquidez. Externaliza o problema do Oracle (entregando a árbitros centralizados ou Oracles terceiros), e otimiza AMM e pools de liquidez.
Situação atual: A Azuro está a tornar-se a camada de infraestrutura B2B do GambleFi (especialmente apostas desportivas). Não toca na conformidade do front-end, apenas fornece ferramentas na cadeia. É uma abordagem mais inteligente e escalável.
IV. O “Triângulo Impossível” dos Mercados de Previsão
Comparando estes players, vejo que existe um “triângulo impossível” nos mercados de previsão. É difícil ter simultaneamente:
Descentralização (resistência à censura)
Certeza de resultados (Oracles rápidos e fiáveis)
Alta liquidez (baixa slippage, grande profundidade)
Kalshi: Abdica de ① (totalmente centralizada), em troca de ② e (potencialmente) ③.
Polymarket: Abdica de ① (semi-centralizada/offshore), em troca de ② (arbitragem centralizada rápida) e ③ (alta liquidez).
Augur: Insiste em ① e ②, sacrificando totalmente ③ (liquidez esgotada).
Gnosis/Azuro: Foca-se em fornecer a estrutura de ①, mas deixa os desafios de ② e ③ para as aplicações de front-end.
Importante notar: Até 2025, todos os “vencedores” do mercado (medidos pela liquidez) são aqueles que comprometeram a “descentralização”.
V. A Verdadeira Intenção e Risco Regulatório
O risco central da regulação não está em ser “na cadeia” ou “fora da cadeia”, mas sim na “definição do produto” e “acesso do utilizador”.
Jogo vs Derivação: A principal preocupação da CFTC é se isto é “jogo” (regulado por leis estaduais) ou “instrumento de cobertura/descoberta de preços com propósito económico” (regulado pela CFTC)? A Kalshi tenta provar o segundo, mas muitos eventos na Polymarket dificilmente escapam à suspeita de jogo.
KYC/AML (acesso do utilizador): É pré-requisito para entrar no mercado americano. Por isso a aquisição da QCX pela Polymarket é tão importante — precisa não só de capacidade de liquidação, mas também de uma entrada conforme para fiduciário e utilizadores (potencialmente no futuro).
Manipulação de Oracle (risco central): Em mercados de baixa liquidez, ou que dependem de relatórios descentralizados, agentes maliciosos podem manipular preços com pouco capital, ou até tentar manipular o “relatório de resultados”.
VI. As Verdadeiras Oportunidades Emergentes
Deixando de lado os riscos, o mercado de previsões está a libertar três oportunidades claras:
A “Forma Avançada” do GambleFi: O mercado de previsões (especialmente desporto e atualidade) é terreno natural para GambleFi. O crescimento da Azuro como infraestrutura B2B prova a procura por “protocolos de apostas mais justos e transparentes”.
Fonte de Alpha (retorno excedente) informacional: As probabilidades da Polymarket, nas eleições de 2024 e em vários eventos “A SEC vai aprovar o ETF?”, mostraram-se indicadores mais sensíveis do que sondagens tradicionais e “análises de especialistas”. Hedge funds e institutos de pesquisa começam (ou já começaram) a ver isto como fonte de dados de “sentimento/informação em tempo real” de alto valor.
Novo instrumento de cobertura TradFi: O verdadeiro potencial da Kalshi não é permitir que o investidor de retalho aposte nas taxas da A Reserva Federal (FED). É permitir que PME (agricultores, exportadores/importadores) cubram “risco de cadeia de abastecimento” (ex: encerramento de um porto) ou “risco político” (ex: alteração de tarifas). É um oceano azul de biliões.
VII. Três Futuros Possíveis (12-36 meses)
Cenário 1: TradFi absorve ( Vitória do modelo Kalshi )
Caminho: Os reguladores (CFTC/SEC) definem claramente “derivação de eventos” e reprimem severamente todas as plataformas “sem licença” (Polymarket forçada a terminar sessão nos EUA e Europa).
Resultado: O mercado de previsões torna-se uma “funcionalidade de nicho” na Robinhood, limitada a eventos económicos, meteorológicos e outros “seguros”. O tamanho do mercado depende da imaginação dos reguladores.
Cenário 2: O “Velho Oeste” Offshore ( Vitória do modelo Polymarket )
Caminho: A regulação mantém-se ambígua, e utilizadores americanos continuam a aceder à Polymarket e outras plataformas offshore via VPN.
Resultado: Dois mercados paralelos: um pequeno e conforme nos EUA; outro grande, de alta liquidez e risco global offshore. Os Crypto-Native dominam o segundo, com liquidez concentrada em eventos quentes.
Cenário 3: Infraestrutura em Camadas ( Vitória a longo prazo do modelo Gnosis/Azuro )
Caminho: A regulação foca-se em reprimir aplicações de front-end (exigindo KYC/AML), mas mantém-se neutra ou incapaz de regular protocolos de base (como Gnosis Conditional Tokens).
Resultado: Gnosis/Azuro tornam-se o “protocolo TCP/IP dos mercados de previsão”. Muitos front-ends conformes (como uma versão on-chain da Kalshi) e não conformes (como uma nova geração da Polymarket) constroem sobre estes protocolos. O mercado alcança uma separação entre “front-end conforme, back-end descentralizado”.
VIII. Estratégia para Construtores e Investidores
A disputa dos mercados de previsão já passou de “implementação técnica” para “jogo regulatório” e “guerra de liquidez”.
Para empreendedores:
Parem de reinventar a roda: Não tentem construir o próximo Augur (obcecado com o Oracle descentralizado perfeito).
Escolham o vosso campo de batalha: Ou vão fazer lobby em Washington (obter licença, como a Kalshi); ou vão para Dubai/Singapura (focar na liquidez global, como a Polymarket); ou sejam “vendedores de pás” (infraestrutura, como a Azuro).
Para investidores:
Apostem no “canal conforme”: Sigam de perto as aquisições/movimentos de conformidade da Polymarket e o progresso da integração da Kalshi com corretoras mainstream.
Apostem na “infraestrutura B2B”: Sigam os dados de adoção da Gnosis/Azuro (TVL, volume, número de projetos no ecossistema). Num mundo de regulação incerta, as plataformas que fornecem “ferramentas” tendem a ser as de menor risco e retorno mais estável.
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A "guerra de rotas" do mercado de previsão de encriptação: Portas estreitas de conformidade vs Selvagens livres
Autor: BlockWeeks
O mercado de previsões cripto passou, nos últimos dois anos, por mudanças mais intensas do que em toda a década desde o seu surgimento.
Este sector foi um dos primeiros “Santos Grais” da Web 3 — um ideal de “alquimia da informação”, tentando destilar a sabedoria coletiva em probabilidades puras. Mas, durante muito tempo, foi apenas um “brinquedo descentralizado” de alta fricção e baixa liquidez.
Agora, o cenário mudou.
A Polymarket, durante as eleições presidenciais dos EUA em 2024 (apesar das restrições a utilizadores americanos), atingiu volumes de negociação impressionantes, com a precisão das suas probabilidades a ser usada pela imprensa tradicional para comparar com sondagens convencionais. Por outro lado, a Kalshi, regulada pela CFTC dos EUA, está a levar contratos de eventos (com restrições) a milhões de utilizadores TradFi através de plataformas como a Robinhood.
O mercado de previsões já não é uma questão de “se vai acontecer”, mas sim “em que forma vai acontecer”. Está num ponto de viragem: tornar-se-á uma ferramenta de cobertura regulada para a elite de Wall Street, ou um “casino” global de liquidez Crypto-Native?
A BlockWeeks vai desmontar esta “guerra de rotas” que está a acontecer.
![] ( https://img-cdn.gateio.im/social/moments-ce 0 e 60732 c 2889 aa 8 cfb 662 bcc 5265 a 8)
I. Resumo das Conclusões
O mercado de previsões está a crescer de forma selvagem em duas rotas distintas e até conflitantes:
A opinião central da BlockWeeks é: Não se trata de um jogo de soma zero. No curto prazo, o modelo “zona cinzenta” da Polymarket continuará a capturar a maior liquidez e atenção do mercado; mas, a longo prazo, a regulação (quem conseguir licenças) e a infraestrutura (quem oferecer a melhor liquidez e estrutura de liquidação) vão definir o panorama final do mercado.
II. As “Aparências Enganosas” das Duas Rotas
# 1. O Portão Estreito da Conformidade: O “Experimento Wall Street” da Kalshi
A Kalshi segue o caminho mais difícil: procura aprovação direta dos reguladores americanos (principalmente a CFTC).
# 2. A Selva da Liberdade: O “Casino Global” da Polymarket
A Polymarket é o oposto. Em 2022, foi multada pela CFTC por oferecer “opções binárias” não registadas e restringida nos EUA. Mas isso não a matou.
III. A “Guerra Fria” da Infraestrutura: A Lição da Augur e o Pragmatismo da Gnosis
Porque é que a veterana Augur praticamente desapareceu, enquanto o ecossistema Gnosis cresce silenciosamente?
O “Fracasso” da Augur: A Augur foi um mártir idealista. Confiou demasiado no mecanismo de arbitragem “totalmente descentralizado”. O seu sistema complexo de disputa de Tokens REP revelou-se lento, caro (gás) e facilmente bloqueado em eventos ambíguos. A Augur morreu pela obsessão com o “Oracle descentralizado perfeito”, sacrificando experiência do utilizador e liquidez.
O Pragmatismo da Gnosis/Azuro: Gnosis ( Omen/Azuro ) aprendeu a lição. Deixaram de tentar resolver o problema mais difícil do Oracle, e viraram-se para o “pragmatismo”:
Situação atual: A Azuro está a tornar-se a camada de infraestrutura B2B do GambleFi (especialmente apostas desportivas). Não toca na conformidade do front-end, apenas fornece ferramentas na cadeia. É uma abordagem mais inteligente e escalável.
IV. O “Triângulo Impossível” dos Mercados de Previsão
Comparando estes players, vejo que existe um “triângulo impossível” nos mercados de previsão. É difícil ter simultaneamente:
Kalshi: Abdica de ① (totalmente centralizada), em troca de ② e (potencialmente) ③.
Polymarket: Abdica de ① (semi-centralizada/offshore), em troca de ② (arbitragem centralizada rápida) e ③ (alta liquidez).
Augur: Insiste em ① e ②, sacrificando totalmente ③ (liquidez esgotada).
Gnosis/Azuro: Foca-se em fornecer a estrutura de ①, mas deixa os desafios de ② e ③ para as aplicações de front-end.
Importante notar: Até 2025, todos os “vencedores” do mercado (medidos pela liquidez) são aqueles que comprometeram a “descentralização”.
V. A Verdadeira Intenção e Risco Regulatório
O risco central da regulação não está em ser “na cadeia” ou “fora da cadeia”, mas sim na “definição do produto” e “acesso do utilizador”.
VI. As Verdadeiras Oportunidades Emergentes
Deixando de lado os riscos, o mercado de previsões está a libertar três oportunidades claras:
VII. Três Futuros Possíveis (12-36 meses)
Cenário 1: TradFi absorve ( Vitória do modelo Kalshi )
Cenário 2: O “Velho Oeste” Offshore ( Vitória do modelo Polymarket )
Cenário 3: Infraestrutura em Camadas ( Vitória a longo prazo do modelo Gnosis/Azuro )
VIII. Estratégia para Construtores e Investidores
A disputa dos mercados de previsão já passou de “implementação técnica” para “jogo regulatório” e “guerra de liquidez”.
Para empreendedores:
Para investidores: