Casos de uso reais – Gaming, terrenos digitais e experiências sociais

• Blockchain Gaming e Play-to-Earn: O segmento de jogos é um dos mais dinâmicos dentro do ambiente Web3. Nos games tradicionais, todos os itens e moedas virtuais pertencem à empresa desenvolvedora. Já nos jogos blockchain, os jogadores realmente detêm os ativos dos games, na forma de tokens de criptomoeda ou NFTs. Isso significa que você pode ser dono de uma espada ou skin fora do jogo e, além disso, negociar ou vender esses itens em mercados secundários. Alguns títulos inovaram com o modelo “play-to-earn”, permitindo aos jogadores obter renda real por meio da jogabilidade. Um caso notório é Axie Infinity, jogo inspirado em Pokémon, em que cada criatura (Axie) é um NFT de propriedade do jogador. Os usuários batalham com seus Axies para ganhar tokens, que podem ser convertidos em dinheiro. Em 2021, por exemplo, jogadores em países como as Filipinas chegaram a garantir renda mensal com Axie Infinity, reproduzindo e lutando com Axies – ou seja, jogando para ganhar. Apesar do entusiasmo inicial ter diminuído e dos riscos evidenciados (a economia do jogo pode desvalorizar rapidamente), Axie demonstrou o potencial das economias virtuais. Além do Axie, há diversos jogos blockchain de gêneros variados – de card games a MMORPGs (jogos de interpretação de personagens online em massa) – nos quais os gamers realmente detêm os itens conquistados. Para jogadores, é estimulante: o tempo dedicado ao jogo rende recompensas reais e suas conquistas (como um item raro) são, de fato, suas. Em 2025, milhões de pessoas acessam diariamente jogos blockchain, e grandes empresas do setor também estudam incorporar elementos Web3 em seus títulos.
• Terrenos Virtuais e Imóveis Digitais: A ideia de comprar terrenos virtuais pode parecer estranha – por que gastar dinheiro em “terra” que só existe em pixels? Porém, em várias plataformas de metaverso, terrenos digitais se tornaram ativos disputados. Ser dono de uma área virtual permite construir experiências ou alugar o espaço para terceiros. No Decentraland, por exemplo, donos de terrenos criaram galerias de arte, cassinos, clubes e lojas virtuais. Marcas e empresas também estão presentes: já houve casos de companhias adquirindo terrenos virtuais para montar lojas ou realizar eventos promocionais, apostando que esses espaços podem reunir grandes públicos. Os preços dos imóveis virtuais mais valorizados dispararam durante os ciclos de hype do metaverso. Como citado, uma propriedade no Fashion District do Decentraland foi negociada por cerca de US$ 2,4 milhões. Em outro caso, um investidor comprou terreno virtual ao lado do espaço de uma celebridade no The Sandbox (Snoop Dogg tem uma mansão lá) por um valor elevado, buscando prestígio ou proximidade. São exemplos extremos e, sem dúvida, especulativos. Mas, mesmo em menor escala, usuários compram terrenos de US$ 10 ou US$ 100 em jogos de metaverso mais recentes, seja para construir algo interessante ou para garantir presença antecipada num universo em expansão. É semelhante à compra de domínios de internet ou ao investimento em imóveis físicos, só que em contexto digital. A ideia principal é que, se uma plataforma de metaverso se popularizar, suas localizações (como regiões de uma cidade) podem se tornar muito valiosas. Embora seja cedo para prever quais plataformas prosperarão a longo prazo, a corrida por terrenos virtuais ilustra como a Web3 permite direitos de propriedade digital: você pode ser dono de um espaço e usá-lo como quiser.
• Avatares e Moda Digital: Em qualquer metaverso ou universo virtual, cada usuário tem um avatar – sua identidade digital. Customizar avatares e criar visual próprio é parte essencial da experiência (assim como escolher roupas na vida real expressa personalidade). Web3 leva isso além com NFTs e moda digital. Em vez de depender dos visuais de apenas um jogo, é possível comprar ou cunhar itens únicos para avatares na blockchain, com potencial de uso em diferentes plataformas. O setor de moda digital cresce rapidamente, com designers criando roupas e acessórios virtuais exclusivos como NFTs. Pode parecer curioso, mas muitos gastam dinheiro em looks para seus avatares. Por exemplo, Decentraland organizou a Semana de Moda do Metaverso, evento em que grandes marcas e criadores independentes apresentaram peças virtuais compradas como NFTs para vestir avatares. Alguns desses lançamentos são edições limitadas, gerando procura entre colecionadores. Ter um NFT de roupa rara para avatar equivale a possuir um tênis exclusivo no mundo físico – um símbolo de status digital. Até NFTs de perfil (como CryptoPunks ou Bored Ape Yacht Club) se conectam a esse conceito: muitos proprietários usam essas imagens como identidade virtual nas redes sociais, e cada NFT tem sua comunidade própria. Em plataformas de metaverso, o avatar pode ser um NFT que você leva entre universos digitais. O ponto central é que nossas identidades digitais estão se tornando ativos sob nosso controle. Com a vida social migrando para ambientes virtuais, investir em moda digital e personalização de avatares já é tão comum quanto comprar skins em Fortnite – só que agora você realmente é dono do item e pode revendê-lo.
• Experiências Sociais e Eventos: Um dos usos mais atraentes do metaverso é viabilizar encontros sociais que não seriam possíveis (ou tão práticos) no mundo físico. Já ocorreram concertos virtuais com milhões de participantes via avatares. No cripto-metaverso, Decentraland já promoveu festivais musicais e exposições artísticas virtuais. Por exemplo, a Fashion Street do Decentraland (onde aconteceu aquela venda milionária) serve de palco para eventos de moda digital e comercialização de roupas NFT para avatares. Também há conferências e feiras de negócios em mundos blockchain, onde participantes interagem por avatares. Durante a pandemia, esse tipo de encontro se popularizou, já que as reuniões presenciais eram inviáveis. Outro exemplo são passeios virtuais ou ambientes de convivência: imagine um jardim zen digital onde você e um amigo de qualquer lugar do mundo podem se encontrar e conversar, tendo uma sensação de espaço compartilhado, mesmo que virtual. Algumas plataformas têm foco em VR social, como VRChat ou Horizon Worlds da Meta (não baseadas em blockchain), onde o principal é explorar salas e jogos criados por usuários. O diferencial Web3 é que os usuários podem ser donos dos ambientes ou itens utilizados. Por exemplo, alguém pode criar um clube em sua área virtual e cobrar entrada em cripto, ou vender ingressos NFT para um show de comédia digital. Surgem comunidades nesses ambientes, como fóruns ou redes sociais do Web2, mas agora com imersão extra e verdadeira propriedade dos espaços e conteúdos.

Esses casos mostram que Web3 e o Metaverso deixaram de ser apenas conceitos e estão criando novos comportamentos e mercados. Gamers ganham dinheiro e mantêm seus itens conquistados. Usuários investem em propriedades virtuais e desenvolvem atrações. Fashionistas desenham e negociam roupas digitais. Amigos e fãs podem se reunir virtualmente de qualquer lugar para compartilhar experiências. Estamos presenciando os primeiros passos de uma sociedade digital, com economia e cultura próprias. Claro, essas oportunidades trazem riscos e desafios – e é justamente isso que vamos abordar no próximo módulo.