Um relatório financeiro aparentemente perfeito conseguiu evaporar mais de 140 mil milhões de dólares em valor de mercado em apenas 18 horas. Desta vez, a queda da Nvidia foi detetada pelo algoritmo, talvez até mais rapidamente do que pelo olhar humano.

**Primeiro euforia, depois desmoronamento**
Quando o relatório saiu, os números eram realmente impressionantes — receitas de 57,01 mil milhões de dólares, lucros por ação de 1,30 dólares, ambos acima das expectativas. As ações dispararam 5% no pós-fecho, aumentando instantaneamente o valor de mercado em 130 mil milhões. Mas antes do fecho do dia seguinte, tudo mudou: as ações caíram a pique, evaporando 142,9 mil milhões de dólares num só dia e arrastando o Nasdaq para baixo. Pior ainda, todo o sector da IA foi afetado, com a Micron a cair 10% e a SanDisk a perder logo 20%.

**Três grandes suspeitas detetadas pelo algoritmo**
Curiosamente, desta vez não foram os analistas a dar o alerta, mas sim o algoritmo a identificar problemas. Vasculhou as notas do relatório financeiro e encontrou alguns bugs fatais:
- **Contas a receber dispararam**: 33,4 mil milhões de dólares em contas a receber, um aumento de 89% em termos homólogos, com o ciclo de recebimento a passar de 46 para 53 dias. Comparando com concorrentes como a TSMC e a AMD, estes números são absurdos, sendo que 10,4 mil milhões provavelmente nunca serão recuperados.
- **Dados de inventário contraditórios**: Por um lado, afirma-se que a procura está a explodir e a oferta é limitada, por outro, o inventário subiu para 19,8 mil milhões, um aumento de 32% em três meses. Como é que isto faz sentido?
- **Fluxo de caixa não bate certo**: Lucro contabilístico de 19,3 mil milhões, fluxo de caixa operacional de apenas 14,5 mil milhões, uma taxa de conversão de 75% — quando o normal nas tecnológicas é superior a 95%. Para onde foi o dinheiro?

**A verdade do jogo em circuito fechado**
O mais grave foi o algoritmo ter seguido o rasto e descoberto um esquema de “mão esquerda passa à direita”: a Nvidia investe 2 mil milhões na xAI, a xAI pede empréstimo de 12,5 mil milhões para comprar chips à Nvidia; a Microsoft investe na OpenAI, que por sua vez compromete-se a comprar serviços de cloud da Microsoft, que depois faz grandes encomendas de hardware à Nvidia. O mesmo dinheiro vai circulando entre várias empresas, sendo registado como receita em cada passagem, mas pagamento real? Nem vê-lo.

**O dinheiro inteligente já saiu há muito**
Peter Thiel, fundador da PayPal, vendeu 100 milhões em ações a 9 de novembro, a SoftBank vendeu tudo por 5,8 mil milhões no dia 11, e até Michael Burry, o “Big Short”, comprou opções de venda apostando que as ações cairiam para 140 dólares até março de 2026. Olhando para trás, o faro destes magnatas é mesmo apurado.

Quanto tempo mais durará o mito das ações de chips? Esta “chapada” do algoritmo pode ser só o começo.